terça-feira, 28 de maio de 2013

Sua majestade, a carne

Ainda que a carne nem sempre tenha sido um alimento básico e frequente ao longo da existência do homem, sempre foi seu alimento preferido. Talvez por seu valor nutricional, por ser aquele que contém mais proteínas, e proteínas de melhor qualidade. Talvez por ser um alimento de difícil acesso, inicialmente precisando de uma grande estrutura para ser caçada e, depois, outra grande estrutura para ser produzida.
Ao longo da história, em alguns momentos claramente e em outros de forma mais sutil, duas humanidades se confrontaram, demarcando diferenças econômicas, sociais e/ou culturais: de um lado, os raros comedores de carne, a nobreza, a elite; do outro, a maioria comedora de pão, de sopas, de raízes e de tubérculos, de simples alimentos da terra.
Por isso, a carne atingiu o status simbólico que possui e, mesmo em épocas atuais, de maior facilidade de produção e abundância do produto, não constitui um item fundamental na alimentação popular. Ela é um complemento, não para matar a fome e para saciar, mas simplesmente para agradar e divertir o paladar. E também para se diferenciar socialmente. Isso fica claro quando pensamos no cardápio de um evento importante. A carne ocupa a posição de destaque, com todo o restante acontecendo em torno dela e por sua causa. Uma rainha e seus súditos...
O advento das carnes nobres, então, veio para colocar este objeto de desejo, cada vez mais, em seu trono. Com nome mais que apropriado, estas carnes recebem tratamento especial desde a criação do gado até o processamento, resultando em um produto diferenciado, com preços que podem beirar o absurdo e com cortes até bem pouco tempo desconhecidos, mas que trazem novas sensações gastronômicas.
De um passado histórico tão remoto até nossos dias, é ela, sim, que continua reinando absoluta. Tanto que é comum que nós, brasileiros, festejemos a conclusão da construção de uma casa, uma formatura na família e tantas vitórias mais com um bom e farto churrasco.

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