Conseguir uma experiência gastronômica
surpreendente e inesquecível é o ideal de qualquer gourmet. E de qualquer gourmand.
E essa ideia geralmente está relacionada a pratos elaborados, ingredientes
caros ou exóticos, ambientes refinados, vinhos especiais... A tão falada alta
gastronomia.
Mas a “prima pobre” vem se destacando cada vez mais. A baixa gastronomia, como
passou a ser conhecida – e que de pobre e de baixa não tem nada –, saiu das
cozinhas tradicionais e se ambientou perfeitamente nos bares. É a comida de
boteco, simples e saborosa, autêntica representante da nossa cultura alimentar.
Quem não se rende a um torresminho crocante com algumas gotas de limão, a uma
carne-de-sol suculenta com mandioca bem macia regada com manteiga de garrafa, a
um bolinho de feijão sequinho e apimentado!
E o melhor: ela ainda vem acompanhada de bons
amigos e boa conversa, num ambiente acolhedor, quase uma extensão da nossa
casa. Isso é fundamental, já que, para conseguir essa tão surpreendente experiência
gastronômica, usamos todos os sentidos, não só o paladar.
A baixa gastronomia tem se destacado tanto
que já é quase presença obrigatória em recepções refinadas e restaurantes
renomados. Em novos formatos e conceitos, escondidinhos fazem sucesso em festas
chiques, risotos que usam os ingredientes do mexido como referência aparecem em
ótimos cardápios. É a baixa gastronomia elevada às alturas.
Nessa onda, bares tradicionais vão sendo
reformulados e redecorados, cardápios incrementados, cervejas especiais
oferecidas em copos ainda mais especiais. Virando points para a galera descolada e correndo o risco de perder sua
história, seu conceito, seus clientes costumeiros.
Eu ando na contramão da revitalização dos
botecos. Prefiro saber que vou encontrar a velha estufa sobre o balcão, com
suculentas almôndegas de comer no palito. Ou até ovos cozidos, mesmo se forem
coloridos. Costumo dizer que, depois da minha cozinha, o lugar onde me sinto
mais em casa é no Bar Fortaleza, no Mercado Central. Tudo que se pode esperar
de um verdadeiro “buteco” e muito mais. Cerveja gelada, copo lagoinha,
atendimento de primeira, fígado com jiló no ponto, fresquinho e bem temperado,
amigos de sempre ou daquele momento, feitos em pé, encostado no balcão. É ou
não é uma experiência gastronômica inesquecível? Sempre é!
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