domingo, 28 de abril de 2013

Nunca chame de rocambole

O bolo de rolo, legítimo nordestino, é delicioso porém de preparo muito trabalhoso. É um bolo de camadas finíssimas, intercaladas por um recheio de goiabada. As massas, depois de assadas somente até cozinhar e pinceladas com o doce, são enroladas e cortadas em fatias tão finas quanto as camadas do bolo.


Acredita-se que sua origem está na adaptação do bolo português "colchão de noiva", uma espécie de pão-de-ló enrolado com recheio de nozes. Ao chegarem aqui, os portugueses trocaram o recheio pela goiaba, fruta abundante no nordeste brasileiro, sempre dosada com muito açúcar dos engenhos da região. Até hoje é comum polvilhar-se o bolo de rolo com açúcar em sua camada externa, arrematando a apresentação.
O bolo de rolo já se fazia, por aqui, bem antes da nossa cultura sofrer as interferências do francesismo. É que, nesse tempo, "as tradições portuguesas de bolo e de doce tinham se instalado tão bem nos fornos das casas-grandes de engenho e de alguns conventos de freiras que a influência francesa só as atingiria de maneira mais viva no século XIX, quando os confeiteiros franceses começaram a se tornar chiques na Corte e no Recife", ensina Gilberto Freyre, em Açúcar. E isso aconteceu só depois da chegada da família real. Assim, nem todo bolo enrolado vira automaticamente rocambole. Alguns até podem ser, mas bolo de rolo não.

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