O ato de alimentar é o ato primordial de
amar. É pelo alimento que temos a nossa primeira sensação de aconchego, de
segurança, de amor. E levamos, para toda a vida, essa relação entre comida e
sentimento. Procuramos sempre alimentar, de alguma forma, as pessoas com quem
nos relacionamos. Para a pessoa amada, então, oferecemos um banquete
completo.
No menu
deste banquete, em momentos nos quais se deseja seduzir, vêm à mente
imediatamente os alimentos afrodisíacos. Alguns alimentos são considerados
assim pela sua forma, seu sabor, sua cor ou por algum aspecto nutricional. Mas
não adianta morangos, chocolate, ostras, champagne, se não houver o desejo de
usá-los, de consumi-los.
Há alguns dias, assisti novamente Como água para chocolate,
uma linda fábula de amor, criada pelo cinema mexicano. Na trama, Tita, relegada
à cozinha da casa e impossibilitada de consumar seu amor por Pedro, transfere
seus sentimentos para os pratos que prepara e acaba alimentando todos com seu
amor, seus desejos, suas angústias, sua melancolia e suas alegrias.
Numa das cenas mais conhecidas do filme, Tita
recebe de Pedro um buquê de rosas e decide usar as pétalas em uma nova receita.
Quando a refeição é servida, é como se seu desejo tivesse sido dissolvido no
molho de rosas e estivesse presente em cada aroma, em cada garfada daquela
refeição. Assim, ela consegue invadir o corpo de Pedro de forma voluptuosa
e sensual, descobrindo uma nova forma de se comunicar com ele.
A estória de Tita mostra que o sentimento,
muito mais que o alimento, é o verdadeiro afrodisíaco da vida. Ele deve ser o
prato principal do nosso banquete. Ele deve ser o ingrediente mais usado na
nossa cozinha.
Eu, por mim, vou alimentando o meu amor e
sendo alimentado por ele. Façam vocês o mesmo!
Lindo texto!!!
ResponderExcluirSem sentimento não se faz nem um bom cafezinho...