terça-feira, 21 de setembro de 2010

E você, conhece o baru?

Pelo fato de trabalhar e ser um aficionado pela gastronomia, as pessoas procuram me trazer alguma novidade da área e eu, curioso nato e estudioso “quase” compulsivo, geralmente conheço ou sei do que se trata. Há pouco tempo, porém, aconteceu um fato que me deixou, no mínimo, envergonhado. Um amigo que mora na Europa resolveu passear pelo cerrado mineiro e trouxe uma novidade. Era o baru. Umas pequeninas castanhas, parecidas com os pinoli italianos – ou o snoobar árabe, como queiram – deliciosas, com um grande potencial gastronômico. E eu nunca tinha nem ouvido falar.
Depois de algumas pesquisas, descobri que o baruzeiro, que está em risco de extinção, mesmo existindo leis relacionadas à proteção e preservação do meio ambiente, é uma planta nativa do Cerrado. Seus frutos amadurecem entre setembro e outubro, e contém uma castanha, conhecida como castanha-de-baru.
A área de Pirenópolis, no estado de Goiás, foi pioneira na exploração comercial do baru e tem ligação histórica com a espécie. Algumas comunidades produzem e vendem castanha-de-baru, apesar de sempre estarem torradas além de conta. Nos últimos dez anos, alguns projetos foram ativados, para a proteção e a promoção do baru.
Também conhecido como cumbaru, cumaru, castanha-de-burro, coco-barata e coco-feijão, o baru, o diamante do Cerrado, possui um sabor delicado e agradável que, quando torrado, lembra vagamente o amendoim ou a castanha-de-caju. Tem valor nutricional alto e é consumido, pela população local, inteiro ou no preparo de receitas de doces típicos, como o pé-de-moleque e a paçoquinha.
Depois de passada a mea culpa e de fazer algumas pesquisas, degustações e testes, e com rasgo de nacionalismo gastronômico, passei a ver o baru como um ingrediente promissor e imaginá-lo em preparos mais elaborados, valorizando produtos e sabores nacionais. Por que não um belo filé de pescada amarela com purê de pequi e pesto de coentro e baru? Mais brasileiro, impossível!

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